segunda-feira, 22 de novembro de 2010

E não importa quanto tempo vá durar - é infinito agora.


Eu não sei se era pra eu ter nascido. Imagino que alguém tenha me empurrado ou eu tropecei e nasci por engano. Parecia um bebê saudável, mas fui crescendo e acho que meus pais pensaram que eu não ia me criar. Sempre fui muito magrinha, tinha medo de tudo que fizesse barulho, não falava muito, mas tinha saúde, era o que importava. Nasci no interior, brinquei com barro, subi em árvores, mas nunca tive muitos amigos, talvez por ser uma criança sincera demais.  Eu não ia no mercado sozinha, não tinha amigos, não falava com ninguém. Na verdade eu tinha medo das pessoas e quanto mais cresço, mais sei que eu tinha razão. O fato é que eu sempre preferi os mais quietos, os tímidos como eu. Quanto menos as pessoas falam, mais elas pensam. Só que assim, ninguém falava e eu continuava só pensando. Adorava ouvir as conversas dos adultos, eram bestas e até hoje eu morro de medo de falar uma coisa adulta demais. É preciso ser idiota pra ser feliz, fazer coisas idiotas, errar. Minha mãe pensava que eu não ía dar trabalho. Quietinha, gostava de ler, não precisa mandar estudar e nem deixar de castigo por ter saído escondido. Ah mãe, filhos vem ao mundo pra dar trabalho, inclusive os que vêm por engano. Eu prometo que não vou ser presa, mas o resto... Vou ver até quando consigo me manter viva nesse mundo que não era pra ser meu. 

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